Captação de Recursos no Terceiro Setor

Vou começar a falar de Captação de Recursos e inicio abordando a ética na função. Bem diferente do mundo empresarial, no terceiro setor os doadores/financiadores podem escolher como seus investimentos sejam utilizados, se algum parceiro declarar que sua contribuição seja para uma área/projeto específico, ou até um item determinado de seu orçamento, você precisa tomar as medidas adequadas, principalmente na prestação de contas, garantindo que os recursos sejam usados conforme acordado.

Infelizmente a captação de recursos é pouco conhecida e entendida em nosso país, apesar de muito falada internacionalmente como Fundraising. Existem muitas organizações que não veem captação como estratégico, por isso a ausência do departamento e pouco investimento no setor. Além da falta de transparência e profissionalismo que existe em muitas organizações. Hoje obrigatoriamente todas as empresas possuem muito bem estruturadas o departamento comercial/negócios dentro da sua estrutura, sem esse departamento as empresas estão fadadas a terem poucos anos de vida.

Ao montar uma estratégia de gestão, a captação de recursos caminha lado a lado com as receitas da organização. Pensamos em todos os momentos em “despesas”, ou seja, temos um grande desafio nos programas e projetos que desenvolvemos, por isso a grande importância da área de captação de recursos. Precisamos de equilíbrio permanente entre despesas e receita, sem essa aliança, nenhuma instituição sem fins lucrativos consegue ser financeiramente sustentável.  Acredito que investimentos em grandes profissionais e uma equipe coesa, captarem recursos de forma contínua e estratégica, aproximando doadores que acreditam no trabalho que elas realizam, faz com que as organizações tenham muito mais embate e aceitabilidade, e maior possibilidade de alcançar a sustentabilidade financeira. Como Goethe dizia, “Seja ousado, e forças poderosas virão ajudá-lo”

Segundo novo estudo realizado pelo IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, instituição ligada ao Governo Federal, o Brasil fechou o ano de 2017 com 820 mil ONGs existentes – ou organizações da sociedade civil, o nome formalmente utilizado. Esse número representa um crescimento considerável do último número então disponível, de cerca de 400 organizações. Das 820 mil, 709 mil (86%) são associações civis sem fins lucrativos,  99 mil (12%) são organizações religiosas e 12 mil (2%) são fundações privadas. A presença regional das organizações segue a distribuição da população: a região Sudeste tem 40% das organizações, seguida por Nordeste (25%), Sul (19%), Centro-Oeste (8%) e a região Norte (8%).

O Terceiro Setor cresceu no país e, com isso, a concorrência entre as OSCs por um apoio e recursos financeiros, também. São muitas entidades que buscam recursos para a realização de suas atividades e, por isso, é primordial determinar e seguir passos que garantem um bom desempenho e retornos favoráveis por parte dos seus apoiadores. Como podemos observar, até no terceiro setor a concorrência é acirrada, acredito que tenha espaço para todas as causas, temos um longo caminho a percorrer!

Por: Fábio Fonseca